É impressionante, mas a história sempre será registrada sob a ótica do lado vencedor.
Esse é um resumo dado pela
FOLHA DE S. PAULO para as causas do ataque de Israel contra o Líbano:
"Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah estão em conflito armado desde o último dia 12, quando dois soldados israelenses foram seqüestrados. Outros oito militares foram mortos no ataque. Desde então, Israel tem lançado ataques ao Líbano por terra, ar e mar. O Hizbollah também lança foguetes contra o território israelense. O saldo dos ataques é de centenas de mortos [a maioria civis libaneses] e cidades libanesas inteiras destruídas, sem água, luz e telefone. Algumas cidades israelenses tiveram prédios danificados."Bom, se trata de um resumo, sem dúvida alguma, mas onde encontrar
FATOS que expliquem o conflito? É possível explicar o conflito lembrando os últimos 6 meses?
E aí é que a história se mostra interessante, afinal as pessoas aparentam ter uma memória extremamente seletiva (para não dizer influenciada por interesses).
Vejamos um resumo da história com um pouco mais de
FATOS desde 1920:
1922-1941: O Reino Unido recebe a Palestina (que havia sido tirada do Império Otomano após a Primeira Guerra Mundial) para gerir. Era uma área que compunha Israel de hoje, as colinas de Golan e o reino da Jordânia.
Na época a parcela da população judia era de 11%.
Em 1923 as colinas de Golan foram transferidas para a Síria (que estava sendo administrada pela França).
Um ponto curioso é que a população que falava árabe na Palestina antes da Primeira Guerra Mundial não utilizava nossa noção ocidental de "possuir a terra", eles na verdade, possuiam as árvores que cresciam na terra (normalmente oliveiras, que são produtivas por centenas de anos). Quando as primeiras levas de judeus veio, eles compravam as terras (já eram bem acostumados com as noções ocidentais de compra/venda de terras) sem saber que as árvores eram dos moradores árabes oque gerou inúmeros conflitos.
Em 1920 o primeiro grupo paramilitar judaico foi criado, o Haganah e após diversos ataques de um grupo ao outro, em 1936 os grupos paramilitares judaicos Etzel and Lehi iniciaram uma série de atentados contra a comunidade árabe e o governo inglês local (que havia estabelecido normas para conter a entrada de mais grupos judaicos na região). Na época os ingleses afirmaram que tais grupos judaicos eram terroristas.
Em 1937 foi oferecida uma proposta dividindo a região entre as comunidades árabes e judaicas. O acordo foi rejeitado por ambas as partes. Entre 1936 e 1939 houve o início de uma revolta da comunidade árabe, que vendo um significativo aumento da entrada de novos judeus (vindos em grande parte da Alemanha nazista e do resto da europa, fugindo da onda anti-semita), sentiram-se marginalizados dentro de seu próprio país. Organizados pelo Grande Mufti Haj Amin Al-Husseini, protestos varreram a região. Apesar de iniciarem sem violência, logo os atentados tomaram-se rotina. Os homens de Husseini mataram mais árabes do que judeus, sendo que seu líder aproveitou a situação para acabar com grupos árabes rivais.
O grupo terrosista judaico Etzel iniciou uma campanha violenta onde praças de alimentação eram alvo de bombas, matando centenas.
Haj Amin Al-Husseini foi acusado pela morte de um comissário inglês e fugiu, primeiro para o Líbano, depois para o Iraque e finalmente para a Alemanha em 1941. O Reino Unido então aplicou restrições para a compra das terras restantes pelos judeus contrariando acordos feitos com representantes dos interesses judaicos e a Liga das Nações (essa porém já não mais tinha poder em 1939).
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: Os árabes não tinham uma definição de lados a apoiar durante a Segunda Grande Guerra. Muitos aderiram ao exército britânico e francês, porém muitos também viram uma grande chance de o Eixo ganhar a guerra e essa seria uma esperança de livrar a Palestina do controle britânico e da cada vez maior chegada de judeus. O Grande Mufti de Jerusalém Haj Amin Al-Husseini, que estava na época no Iraque declarou formalmente uma Jihad contra as Forças Aliadas. Diversos líderes árabes eram contra o regime nazista e mais de 6.000 árabes palestinos se juntaram ao exército britânico. Cerca de 26.000 judeus palestinos também.
A Itália que em 1940 declarou guerra ao Reino Unido realizou bombardeios aéreos sobre a Palestina e as tropas alemãs se aproximavam através do norte da África.
Durante a Guerra, os britânicos proibiram a entrada de novos judeus europeus fugidos do nazismo na Palestina. Eles eram colocados em campos de detenção pelos britânicos ou enviados para as Ilhas Maurício.
Avraham Stern, líder do grupo terrorista judaico Lehi, queria tanto atingir o governo britânico que se ofereceu para lutar ao lado dos nazistas, enquanto outros grupos Sionistas tentaram convencer os nazistas a continuar extraditando judeus como a "solução para o problema judeu alemão", mas os nazistas abandonaram a idéia e decidiram pelo extermínio.
A partir de 1939 os Sionistas organizaram um esforço de imigração ilegal conhecido como Aliya Beth, que levou dezenas de milhares de judeus da europa para a palestina ilegalmente em pequenas embarcações. Muitas dessas foram interceptadas sendo a última delas afundada por um submarino soviético em 1942. Após a Segunda Guerra a imigração ilegal continuou.
Eliyahu Hakim e Eliyahu Bet Zuri, membros da organização terrorista kudaica Lehi, assassinaram o Ministro de Estado Britânico para o Oriente Médio, Lorde Moyne, no Cairo em Novembro de 1944. Isso colocou o primeiro ministro britânico Winston Churchill contra a causa Sionista. O Reino Unido então tinha que lutar contra terroristas judeus e contra alemães no norte da África.
Após a Guerra, 250.000 judeus estavam em campos de refugiados na europa. Apesar da pressão mundial, em particular do presidente americano Harry Truman, os britânicos se recusavam a retirar as medidas contra a imigração judaica na Palestina, mas aceitaram 100.000 refugiados.
Os grupos terroristas judaicos se uniram e realizaram diversos ataques contra os britânicos. Em 1946 o grupo Irgun explodiu o King David Hotel em Jerusalém, quartel-general da administração britânica, matando 92 pessoas.
Percebendo que a situação estava rapidamente saindo de seu controle, os britânicos anunciaram seu desejo por terminar seu mandato administrando a Palestina e sair da região em maio de 1948.
Oque nos leva ao momento onde Israel entra em cena. Sobre isso escreverei mais tarde.